O controle das finanças da empresa é essencial para o negócio crescer, ser competitivo e ter longevidade. Por isso, o gestor precisa entender como elaborar um fluxo de caixa, que nada mais é do que os valores das entradas e saídas financeiras.
No segmento calçadista, assim como em qualquer outro nicho, a administração do fluxo de caixa considera todas as saídas (pagamento de pessoal, investimentos, compra de estoque) e entradas do caixa (vendas realizadas, rendimento de aplicações) e está alinhada com o Plano de Negócios da empresa.
Mais do que um controle financeiro de um período, o fluxo de caixa para lojas deve olhar para o futuro. Ao projetar entradas e saídas para o próximo ano fiscal, por exemplo, fica mais fácil enxergar se existe algum problema à vista.
Nessa projeção, considere também fatores micro, como expectativa de crescimento da sua empresa, períodos fortes e fracos de venda, investimentos, corte de despesas; assim como macro, como a previsão de alta na economia brasileira, comportamento do setor e taxa de inflação.
Quer saber como elaborar fluxo de caixa e qual a importância dele para a loja? Continue lendo para entender!
O que é fluxo de caixa
Fluxo de caixa é uma ferramenta de planejamento e controle financeiro da loja, que projeta e apura as finanças para que haja capital de giro na empresa, seja para compras ou aplicações financeiras.
O fluxo de caixa funciona em uma planilha, na qual são inseridos manualmente ou de forma automática os recebimentos (vendas à vista e a prazo, duplicatas) e pagamentos (compras à vista e parceladas e todos as despesas do comércio) pelo período que o gestor achar adequado.
Para que serve o fluxo de caixa
O fluxo de caixa ajuda o empresário do setor calçadista a planejar e a tomar decisões importantes, como fazer investimentos, reduzir despesas, organizar promoções para saldar o estoque e pedir empréstimos.
A partir dele, o lojista sabe se a empresa está funcionando com aperto ou folga financeira e se o capital de giro atual é suficiente para tocar o negócio. Serve para avaliar a capacidade de pagamento antes de assumir compromissos, distinguir o melhor momento para fazer promoções e engordar o saldo do fluxo de caixa.
Ferramenta indispensável para negócios de qualquer porte e idade, é essencial ter fluxo de caixa para micro e pequenas empresas, negócios recém-abertos, franquias e empresas com anos de mercado.
Como elaborar fluxo de caixa
Vamos à fórmula que dirá como estão as finanças da empresa:
Saldo do fluxo de caixa = valor dos recebimentos – valor dos pagamentos efetuados
O período de recebimentos e pagamentos deve ser o mesmo, seja ele mensal, quinzenal, semanal ou diário.
O valor do saldo deve corresponder à quantia que a empresa tem no caixa ou depositada em contas correntes.
Na planilha de fluxo de caixa ou no software de gerenciamento da sua loja, preencha da seguinte forma:
- Contas a receber: valores já recebidos, conhecidos e estimados. Vendas à vista e a prazo (separe por dinheiro, cheque e cartão), duplicatas e rendimentos de aplicações financeiras.
- Contas a pagar: pagamentos efetuados, conhecidos e estimados. Fornecedores, impostos, aluguel, despesas bancárias, despesas com pessoal, contas básicas (luz, água, telefone e internet), marketing, despesas com veículos, honorários contábeis e advocatícios, manutenção e limpeza (materiais), retiradas dos sócios e pagamentos de empréstimos e eventuais juros.
O Sebrae recomenda que o empresário analise o saldo fluxo de caixa diariamente e em períodos futuros.
Se o saldo estiver positivo, é hora de considerar fazer investimentos e decidir onde os recursos serão aplicados. Se a loja estiver no vermelho, reduza despesas e reconsidere o capital de giro.
Economistas e administradores dizem que se o fluxo de caixa da empresa está com saldo negativo, é hora de organizá-la financeiramente.
Por outro lado, ter as contas no azul não deve ser sinal para que o empresário se acomode. É hora de fazer o dinheiro girar, em vez de deixá-lo parado na conta: faça aplicações financeiras para render juros, invista ou negocie com fornecedores para obter melhores preços e prazos de entrega.
O controle do fluxo de caixa é um dos passos para que uma loja de calçados tenha finanças saudáveis.
Mas e a inadimplência?
O varejista está sujeito a não receber todas as vendas realizadas, resultando em deficit no saldo das contas a receber. Apesar de o dinheiro não ter entrado no dia esperado, ele terá de efetuar pagamentos que seriam feitos com a quantia não recebida.
Um atraso no recebimento pode forçar o empresário a pedir empréstimo no banco para quitar pagamentos, resultando na cobrança de juros.
Empresários prevenidos calculam a probabilidade de que a venda realizada possa não ser paga ou ser quitada com atraso. É recomendável fazer a seguinte projeção: some valores dos últimos seis meses das vendas realizadas, mas não recebidas. Divida o resultado pelo total de vendas realizadas (recebidas ou não). Multiplique por 100 para ter o índice de inadimplência do seu negócio.
Na prática
Vendas realizadas, mas não recebidas: R$ 3 mil
Total de vendas realizadas (recebidas ou não): R$ 150 mil
Índice de inadimplência: 2%
De cada R$ 100 vendidos, R$ 2 não serão recebidos.
Faça projeções
Todo empresário deve ter visão de futuro, só que mais do que estimar o crescimento da empresa, é preciso se estruturar. E isso se faz, também, com projeções no fluxo de caixa.
Para as projeções de entradas e saídas, o lojista não deve ser otimista demais. É importante que elas sejam feitas a partir de resultados de um ano fechado para, depois, elaborar a previsão do ano seguinte. Se uma projeção de um ano for muito longa para o seu tipo de negócio, reduza o tempo para alguns meses.
As projeções são feitas para não deixar a loja vulnerável. Com um fluxo de caixa projetado, o gestor se antecipa a situações de risco que possam comprometer o faturamento e descobre se precisará de financiamento para alguma demanda futura.
Com antecedência, o lojista ganha tempo para encontrar a melhor solução: como vai levantar o capital ou conseguir as melhores condições de crédito.
Se o empresário projeta seu fluxo de caixa, consegue enxergar se há algum problema à vista.
Agora que você já entendeu como elaborar o fluxo de caixa para a sua loja, vá para a prática! Baixe a planilha.